Tobias Barreto

Tobias Barreto de Menezes estudou as primeiras letras na cidade natal, partindo para Estância, em 1850, onde estudou música e latim. Na Bahia, em 1861, quase ingressou na carreira eclesiástica, chegando ao Recife em 1862.

Declamador, polemista, repentista, troca desafios poéticos com Castro Alves em torno de duas atrizes de teatro, e faz da guerra do Paraguai o motivo central de sua poesia.

Forma-se em direito em 1869. Mora em Escada de 1871 a 1881, onde edita um jornal em língua alemã, faz advocacia e política, elegendo-se deputado provincial. De volta para o Recife, ingressa no magistério superior, na Faculdade de Direito, com um concurso de grande repercussão.

A partir dessa época, procura renovar o ensino jurídico, vindo, porém, a falecer na pobreza, às vésperas da proclamação da República, pela qual nunca se interessou e de que não foi propagandista.

Escrevendo sempre para a imprensa, mantendo inclusive jornais efêmeros de sua propriedade, Tobias Barreto não chegou a elaborar obra sistemática. Com raríssimas exceções, os seus livros são coletâneas de artigos de jornal.

O governo do Estado de Sergipe editou-lhe as Obras completas, em dez volumes, entre 1925 e 1926.

Pensamento e influências
Eclético e espiritualista de 1861 a 1868, como comprovam alguns ensaios seus desse último ano, rompe Tobias Barreto com essas doutrinas no ano seguinte, sob a influência do positivismo de Comte e Littré. Mas não se demora no positivismo comtista, deixando-se empolgar pelas teorias de Darwin e Haeckel.

Monista, evolucionista, de certa forma agnóstico, não chega contudo a perder a fé em Deus, embora negue à teologia e à teodiceia a categoria de ciências, o que lhe valeu sérias polêmicas com padres e outros representantes do pensamento católico. Tobias Barreto prega uma nova metafísica, baseada na experiência e na necessidade da religião para o homem.

Abandona, depois, o monismo naturalista de Haeckel, fixando-se no que chamava de monismo filosófico, ou finalístico, de Ludwig Noiré. Com isso, sustenta o culturalismo na sociedade e no direito, procurando conciliar o determinismo das ciências naturais com a liberdade humana.

Nessa fase, Rudolf von Ihering passa a ser o seu autor predileto, ao lado de Kant, cuja atualidade Tobias Barreto defende e cuja doutrina lhe parece representar uma possível renovação filosófica.

Na verdade, Tobias Barreto nunca conseguiu elaborar uma doutrina sistemática e coerente. Confessava-se "materialista, no bom sentido da palavra"; não sendo "espiritualista no sentido vulgar da palavra". Por fim, definia-se enfaticamente: "Sou relativista".

Entretanto, não há como negar a imensa e profunda influência do pensamento de Tobias Barreto em muitos espíritos brilhantes do seu tempo. Foram numerosos e, a despeito das divergências, não esconderam a origem comum e o núcleo fundamental da mesma inspiração. Entre eles, podemos citar Sílvio Romero, Graça Aranha e Clóvis Beviláqua.

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