Os povos nativos no descobrimento

Dança dos Índios Tupinambás, em gravura do livro
Duas Viagens ao Brasil de Hans Staden.

Quando da chegada ao Brasil pelos portugueses, o litoral baiano era ocupado por duas nações indígenas do grupo linguístico tupi: os tupinambás, que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e a foz do Rio São Francisco; e os tupiniquins, que se estendiam de Camamu até o limite com o atual estado brasileiro do Espírito Santo. Mais para o interior, ocupando a faixa paralela àquela apropriada pelos tupiniquins, estavam os aimorés.
No início do processo de colonização do Brasil, os tupiniquins apoiaram os portugueses, enquanto seus rivais, os tupinambás, apoiaram os franceses, que durante os séculos XVI e XVII realizaram diversas ofensivas contra a América Portuguesa. A presença dos europeus incendiou mais o ódio entre as duas tribos, ódio relatado por Hans Staden, viajante alemão, em seu sequestro pelos tupinambás. Ambas as tribos possuíam cultura antropofágica com relação aos seus rivais, característica que durante séculos não fora compreendida pelos europeus, o que resultou na posterior caça àqueles que se recusassem a mudar esse hábito.

Afinal, quem foi Hans Staden?
Hans Staden nasceu em Homberg (Efze) na Alemanha em 1525. Foi um aventureiro mercenário alemão. Por duas vezes Staden passou pela América Portuguesa no início do século XVI, onde teve oportunidade de participar de combates na Capitania de Pernambuco e na Capitania de São Vicente, contra corsários franceses e seus aliados indígenas. 

Staden, de barba ao fundo, observa os tupinambás
praticarem antropofagia (canibalismo).

Em sua segunda viagem, Staden partiu de Castela rumo ao Novo Mundo, alcançando o Brasil a 24 de Novembro. Depois de violentos enfrentamentos com indígenas e passar por fortes tempestades, o seu navio naufragou próximo a São Vicente. Ele e seus companheiros sobreviveram e Staden foi contratado como artilheiro pelos colonos portugueses para o Forte de São Filipe da Bertioga. Enquanto caçava sozinho, Staden foi feito prisioneiro por uma tribo Tupinambá que o conduziu a Ubatuba. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois, os tupiniquins aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, e não tendo escolha, lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas, estes, vendo que a luta era inútil, logo desistiram. Era tratado como um "animal de estimação" pelos tupinambás, tendo, inclusive, mudado de "dono". Pediu ajuda a um navio português e a outro francês. Ambos recusaram-se a ajudá-lo por não desejarem entrar em conflito com os índios. Foi, enfim, resgatado pelo navio corsário francês Catherine de Vetteville, comandado por Guillaume Moner, depois de mais de nove meses aprisionado.

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